(Entre na Bolsa de Londres, esse local mais
respeitável que muitas cortes; você verá deputados de todas as nações reunidos
para a utilidade dos homens. Lá, o judeu, o maometano e o cristão tratam-se
como se fossem da mesma religião, só chamam infiéis aqueles que vão à
falência...” (Cartas inglesas, 1734)
Na
verdade, a relação de Voltaire com a islã é complexa, muitas vezes ele atacava
o maometismo, mas queria atingir indiretamente o cristianismo- preferencialmente
os católicos. São numerosos os textos de Voltaire tendo como tema Maomé.
Pretendo voltar ao assunto em outras ocasiões.
Os
filósofos do século XVIII na França nutriam interesse imenso pelas religiões de
outras partes do planeta. As viagens à Turquia, ao Japão, à China e à Índia
contribuíram para que os europeus descobrissem que o cristianismo não era a
única forma de adorar a Deus. Como nos explica René Pomeau (« Une Idée
neuve au XVIIIe, la tolérance »), a crescente importância das
narrativas sobre viagens dos
comerciantes e dos marinheiros que
percorreram países longínquos, descobrindo
os mais variados tipos de crenças e
ritos deram impulso ao caminho da tolerância. Graças aos escritos inspirados
nessas aventuras, a filosofia das Luzes toma melhor consciência de outras
religiões. Sobretudo a mais próxima dos europeus: o islã.
Para
a criação de certa islamofilia, Voltaire desempenhou papel decisivo com os dois
capítulos sobre Maomé e o mundo muçulmano em seu Ensaio sobre os Costumes. Segundo o filósofo, o islã não se
impusera pelas armas, mas pelo entusiasmo e pela persuasão, além de ser
indulgente e tolerante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário