Já comentamos brevemente
neste blog sobre Émilie de Châtelet- considerada a mulher mais brilhante do
século XVIII. Como a maioria das moças de sua época, Émilie casou-se aos 18
anos. A união com o marquês de Châtelet não se baseava no afeto, mas em
interesses familiares- assim como muitos matrimônios do período. Nesse contexto,
não era incomum marido e mulher terem outros relacionamentos, desde que fosse
observada a discrição. O marquês viajava muito e acumulava aventuras extraconjugais,
a bela esposa, por seu turno, não se furtava aos encontros clandestinos. Émilie
namorou, entre outros, Richelieu – conhecido por suas conquistas. Há quem
acredite, aliás, que a personagem Valmont de Ligações Perigosas (1782) - o
extraordinário romance epistolar de Choderlos de Laclos- tenha sido inspirada na figura do grande
marechal. O namorado mais célebre e o grande amor da jovem prodígio foi nada
menos que Voltaire. Do momento que se conheceram, até 1749, ano da morte de
Émile, o casal passou a maior parte do tempo unido. Voltaire foi viver com
Émilie no castelo de Cirey (que pertencia à família do marquês de Châtelet). Nessa
morada, cada um ficava em seu aposento estudando e se encontravam apenas à
noite. Ela foi responsável pelo interesse de Voltaire por Newton. A propósito,
o meio leigo parisiense começou a interessar-se pelo físico inglês graças ao
casal de estudiosos. A história de amor entre o poeta dramático e a cientista é
contada de forma minuciosa por David Bodanis em seu Mentes Apaixonadas: Émilie
du Châtelet e Voltaire- o grande caso de amor do Iluminismo. Tradução de
Carolina de Melo Araújo. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2012.