domingo, 24 de agosto de 2014

A cientista e o poeta


 

Já comentamos brevemente neste blog sobre Émilie de Châtelet- considerada a mulher mais brilhante do século XVIII. Como a maioria das moças de sua época, Émilie casou-se aos 18 anos. A união com o marquês de Châtelet não se baseava no afeto, mas em interesses familiares- assim como muitos matrimônios do período. Nesse contexto, não era incomum marido e mulher terem outros relacionamentos, desde que fosse observada a discrição. O marquês viajava muito e acumulava aventuras extraconjugais, a bela esposa, por seu turno, não se furtava aos encontros clandestinos. Émilie namorou, entre outros, Richelieu – conhecido por suas conquistas. Há quem acredite, aliás, que a personagem Valmont de Ligações Perigosas (1782) - o extraordinário romance epistolar de Choderlos de Laclos-  tenha sido inspirada na figura do grande marechal. O namorado mais célebre e o grande amor da jovem prodígio foi nada menos que Voltaire. Do momento que se conheceram, até 1749, ano da morte de Émile, o casal passou a maior parte do tempo unido. Voltaire foi viver com Émilie no castelo de Cirey (que pertencia à família do marquês de Châtelet). Nessa morada, cada um ficava em seu aposento estudando e se encontravam apenas à noite. Ela foi responsável pelo interesse de Voltaire por Newton. A propósito, o meio leigo parisiense começou a interessar-se pelo físico inglês graças ao casal de estudiosos. A história de amor entre o poeta dramático e a cientista é contada de forma minuciosa por David Bodanis em seu Mentes Apaixonadas: Émilie du Châtelet e Voltaire- o grande caso de amor do Iluminismo. Tradução de Carolina de Melo Araújo. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2012.