sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

"Colóquio Voltaire Filósofo"

Entre os dias 21 e 24 de maio, haverá o Colóquio Internacional “Voltaire Filósofo” na Universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense. A organização conta também com a Universidade de Sherbrooke (Canadá) e Universidade de Québec à Trois-Rivières (Canadá). Gostaria de destacar a presença de pesquisadores brasileiros no Colóquio: Maria das Graças de Souza (USP) apresentará a comunicação “Voltaire philosophe de l´histoire: autour de l ´Essai sur les moeurs”, Rodrigo Brandão (Universidade Federal do Paraná) falará sobre “Job, Voltaire et Kant”, Danilo Bilate ( Universidade Federal do Rio de Janeiro) fará comunicação a respeito da “ L´attitude voltairienne chez Nietzsche” e Vladimir de Oliva Mota (Universidade Federal de Sergipe) abordará o tema: “Les fondements divins de la morale chez Voltaire”.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Voltaire: um vil adulador?

Voltaire tinha um pé na aristocracia e outro no “partido dos filósofos”. Devido à faceta de cortesão, recebeu duras críticas de seus contemporâneos e da posteridade. Há quem acredite, no entanto, que a decantada bajulação aos poderosos não passava de mais uma tática voltairiana. Em seu artigo “Histoire et politique: quelques réflexions autour du Parlement de Paris”, Diego Venturino observa: “Com efeito, Voltaire é um falso devoto. Aparentemente entra nos templos da tradição histórica como fiel, mas na verdade destrói suas bases”. Ressalto que até hoje a memória do filósofo sofre tanto com a pecha de adulador quanto com a de destruidor de reputações. O estudioso Jean Sareil afirma que “Personne n´a jamais flatté aussi bien et avec autant de succès que Voltaire” (“Ninguém bajulou tão bem e com tanto sucesso quanto Voltaire”.) Essa sua fama diabólica cresceu ao longo do século XIX. Para os românticos, o autor de “Cândido” não passava de um “apóstolo da impiedade”, de uma “serpente venenosa”. Alfred Musset referia-se a Voltaire como o homem do “hideux sourire” (“sorriso hediondo”). Essa caracterização tem um fundo de verdade, contudo, não podemos esquecer que a adulação das pessoas próximas ao Rei e o humor corrosivo do autor foram armas incisivas contra a intolerância. Não por acaso, Paul Valéry afirmou: “O sorriso hediondo de Voltaire acabou com muita coisa hedionda no mundo”.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A grande cientista Émilie du Châtelet

Foi durante pesquisa para uma biografia sobre Einstein que David Bodanis deparou-se com uma nota de rodapé sobre a contribuição de Émilie du Châtelet para o desenvolvimento do moderno conceito de energia. A curiosidade de Bodanis levou-o a estudar a vida dessa desconhecida e descobriu que Émilie tivera, na verdade, papel fundamental para a ciência no século XVIII. Filha de um cortesão de Luís XIV, Gabrielle Émilie Le Tonnelier de Breteuil - marquesa du Châtelet (1706-1749), teve educação primorosa, aprendera latim com o pai, conhecia bem Horácio, Virgílio e Lucrécio. Muito cedo, descobrira que seu pendor era para a Física e para a Matemática. Graças ao convívio com grandes pesquisadores e à sua disciplina militar, Émilie enfrentou penosas questões científicas. Tomou a si a tarefa de traduzir os Principia de Newton para o francês, além disso, fez o esforço de transpor os complicados cálculos do físico inglês para uma forma mais moderna de cálculo. Em 1737, Émilie escreveu Dissertação sobre a natureza e a propagação do fogo. Nos próximos dias, voltarei a postar textos sobre essa mulher extraordinária.