terça-feira, 18 de março de 2014

Wagner Madeira apresenta o enxadrista Monteiro Lobato

Em 31 de março de 2010, comentei rapidamente neste blog a paixão de Monteiro Lobato pelo jogo dos reis, sem me estender sobre o tema. Descobri, recentemente, o artigo intitulado “Monteiro Lobato, enxadrista” no qual, Wagner Martins Madeira, mestre da Federação Internacional de Xadrez (FIDE), brinda-nos com um delicioso passeio pelas cartas do autor de “Urupês” endereçadas ao escritor mineiro Godofredo Rangel- e publicadas em A Barca de Gleyre (1948). Madeira tece um bem humorado perfil de Monteiro Lobato, em meio a considerações sobre a vida do escritor em Areias (onde era promotor), sobre as polêmicas nas quais se envolveu, e sobre seu estilo inconfundível. Discorrendo tanto a respeito das escolhas estratégicas do autor, por exemplo, a opção de “abertura” (o primeiro movimento feito pelo jogador que detém as peças brancas) quanto à confusão que às vezes se estabelecia na correspondência (assim como seu parceiro Rangel, Lobato frequentemente se esquecia da disposição das peças do tabuleiro na qual deveriam continuar). O genial criador de Emília, conta-nos Madeira, via no jogo de xadrez um antídoto contra o tédio. O artigo está disponível em http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/jogo/wagner.htm

segunda-feira, 17 de março de 2014

Emanuel Lasker e a psicologia no xadrez










Emanuel Lasker (Berlinchen, 1868-Nova Iorque, 1941) de família judaica, dedicou-se à matemática, à física e à filosofia. Sua tese de doutorado versou sobre a "Teoria de espaços vetoriais" e constitui notável contribuição na área. Albert Einstein, amigo próximo, criticava-lhe o tempo desperdiçado com as lides enxadrísticas. Foi, contudo, graças ao jogo-ciência que Dr. Lasker imortalizou seu nome, tornando-se um dos maiores enxadristas de todos os tempos, conseguindo manter o título de campeão por vinte e sete anos.
Em 1894, Lasker derrotou Steinitz (1836-1900), o então campeão mundial, em um match disputado em Nova Iorque, Filadelphia e Montreal. O jovem alemão contava vinte e seis anos e manteve o título até 1921, quando foi derrotado pelo cubano José Raul Capablanca.
Lasker impressionava a todos pela forma que desequilibrava as partidas, escolhendo, via de regra, um lance considerado inferior para desestabilizar o adversário. O xadrez, como sabemos, não implica somente cálculo, mas uma sólida concepção estratégica, no sentido militar do termo. Tal concepção é magistralmente demonstrada no livro intitulado O Bom Senso no Xadrez, publicado pela primeira vez em 1917.

Eis, a seguir, a tradução do prefácio e da primeira conferência do Dr. Lasker. Proponho, hélas, uma tradução de segunda mão, sendo o original em inglês Common Sense in Chess e o meu exemplar: Le bon sens aux échecs, traduit de l´anglais par Pierre Latour, Paris, édition Payot/Rivages, 1994.






Prefácio

Eis um resumo de doze conferências dadas diante de um auditório de jogadores de xadrez londrinos, na primavera de 1895. Podemos considerá-las como uma tentativa de tratar de todas as fases de uma partida de xadrez com a ajuda de princípios gerais. Os princípios expostos são deduzidos de reflexões relacionadas à natureza do xadrez, enquanto luta entre dois cérebros, e sua concepção repousa sobre fatos simples. Sua aplicação está ilustrada por posições adaptadas a esse fim e susceptíveis de apresentarem-se no tabuleiro. Meu objetivo foi reduzir o número de regras sem prejudicar a clareza. Perceberemos que elas têm alguma semelhança entre si e por isso não foi difícil reduzir ainda mais seu número. Com efeito, elas poderiam finalmente ser reunidas em um só princípio geral, que está na base não somente do xadrez, mas de todos os tipos de combates. Este princípio está suficientemente exposto aqui, mas ele é tão geral na sua concepção e a dificuldade de exprimir toda a extensão do seu significado é tal que não me aventurei a formulá-lo. Em uma próxima obra, e esta já prepara o terreno, espero ser capaz de ilustrar esse princípio e sua capacidade de mostrar a estrita relação dos fatos entre si. Também deixarei para o próximo livro o debate sobre alguns pontos que solicitam exame mais sutil como, por exemplo, todas as questões relativas às manobras do rei e à troca de peças.
As partidas e posições deste livro são relativamente pouco numerosas, mas foram escolhidas com cuidado. Eu aconselho o jogador não somente a esforçar-se para ler, mas a estudar e impregnar-se do conteúdo por meio de um trabalho constante. As regras que deduzi são, me parecem, muito plausíveis. Isso não deve enganar o jogador, que compreenderá mais claramente o sentido se fizer um esforço de não se mostrar cético e exigente quanto às provas.
No que concerne às análises das partidas ou das aberturas, tentei ser breve e preciso. As análises detalhadas, embora pouco numerosas, são fiáveis, creio eu. O método que consiste em enumerar todas as variantes possíveis, ou prováveis, foi abandonado em prol de uma análise que leva em conta, ao mesmo tempo, as variantes principais e os princípios gerais. A expressão e o estilo são de um conferencista. Não consegui torná-los mais perfeitos como desejava e solicito por isso a indulgência do leitor. E. L.
Primeira Conferência
Senhores, costuma-se começar pelas definições, mas estou certo de que todos vocês conhecem tão bem o essencial da história, das regras e das características do jogo de xadrez, que me permitirão mergulhar imediatamente in medias res. O xadrez foi apresentado, ou, eu diria, apresentado de forma errada, como um jogo que não poderia visar um objetivo sério, mas feito pelo simples prazer de ocupar uma hora de ócio. Se fosse apenas um jogo, o xadrez jamais sobreviveria às grandes provas a que foi confrontado ao longo de sua existência. Alguns apaixonados elevaram o xadrez à classe de uma ciência ou arte, o que ele não é; mas sua caracterísitica principal parece ser o que a natureza humana em geral muito aprecia- um combate. Não um combate que afagaria os nervos das naturezas grosseiras, no qual o sangue jorra e os golpes desferidos deixam traços visíveis sobre os corpos dos combatentes, mas um combate onde os elementos científico, artístico e puramente intelectual oscilam de maneira indissociável. Deste ponto de vista, uma partida de xadrez torna-se um todo harmonioso do qual me esforçarei para descrever as grandes linhas ao longo destas conferências.
As condições exigidas para jogar xadrez são um tabuleiro de sessenta e quatro casas e dois indivíduos. Nós temos, por conseguinte, uma grande vantagem sobre o general que deve conduzir seu exército em campanha: nós sabemos onde encontrar o inimigo e as forças das quais ele dispõe. Temos a agradável satisfação de saber que, no que diz respeito às forças materiais, teremos igualdade com os adversários. Nossa primeira decisão, no entanto, será exatamente análoga à de um comandante. Em primeiro lugar, mobilizaremos nossas tropas, para que elas estejam prontas ao ataque tentando ocupar as linhas importantes e as casas totalmente livres. Este procedimento não tomará, em regra geral, mais de seis lances, como veremos na sequência. Se nos omitirmos de fazê-lo, nosso adversário aproveitará a ocasião que lhe teremos oferecido, atacará rapidamente qualquer ponto vital e, antes que nos recobremos, a batalha estará terminada.
Permitam-me, para ilustrar minhas afirmações, de rever algumas partidas miniaturas bem conhecidas, nas quais os erros e suas sanções aparecem claramente.

1.e4 e5. 3Cf3 d6 3.Bc4 h6

Até aqui, com exceção do último lance, as pretas jogaram razoavelmente bem. Abriram linhas para seus dois bispos e para a dama e agora deveriam desenvolver o cavalo em c6. Em vez disso, temendo algum ataque prematuro, elas fazem um lance inútil que não reforça nenhuma de suas peças.
4. Cc3 Bg4
Um erro. Os cavalos devem ser desenvolvidos primeiro, os bispos em seguida.
5. Cxe5 Bxd1
6.Bxf7+ Re7
7.Cd5++


( tradução ALRBedê - continua)

segunda-feira, 3 de março de 2014

"As grandes paixões" um conto de Guy de Maupassant

– Então, a senhora se entedia? – Infelizmente sim, de forma terrível, senhor. – E isso vem acontecendo há muito tempo? – Oh, há muito tempo! – Há um ano? – Mais ou menos. – A senhora foi ver “Georgette”? – Fui. – Gostou? – Oh! Fascinante, fascinante! – E “Speranza”? – Vi também “Speranza”. É um balé delicioso. – A senhora leu “Tartarin nos Alpes”? – Claro, e no primeiro dia. – Agradou-lhe? – Muitíssimo. Primeiro, tinha uma paixão por “Tartarin”. Nada nunca me divertiu tanto como esse livro: é tão engraçado, tão espirituoso, tão irreverente. Apesar da minha admiração pelos romances de Daudet, ainda prefiro “Tartarin”, porque chego a chorar de tanto rir todas as vezes que o abro. Veja você, jamais se teve tanto espírito. E é tão divertido ver “Tartarin nos Alpes” depois de vê-lo no deserto! – Então a senhora passou uma noite excelente escutando “Georgette”, uma noite excelente vendo “Speranza”, e um dia excelente lendo “Tartarin”. E consegue se entediar? – Sim, muito tédio! O senhor acha então que isso é suficiente para ocupar minha vida, ter algumas horas de lazer de vez em quando? – Eu, senhora, acho dificílimo não somente obter algumas horas, mas alguns minutos de distração. Ora, sexta-feira a senhora irá a “Sapho”. No dia seguinte lerá o delicioso volume de novelas que Octave Mirbeau acaba de publicar: “Cartas de minha cabana” e no dia seguinte ainda “O Alpe homicida” de Paul Hervieu; e ficará ainda mais interessada quando reencontrar, nesse livro, os Alpes nevados onde “Tartarin” acaba de passear. E em breve terá outros espetáculos e outros livros, e jantares, e saraus, e mil coisas diversas que lhe conduzirão à primavera. E a senhora consegue se entediar? – Sim, sinto tédio. Acho-o insuportável por não me acreditar. – Acredito, minha cara amiga, apenas engana-se de palavra; não deveria dizer: sinto tédio, mas: não amo ninguém. Para vocês mulheres, tudo se limita ao amor. Amar ou não amar, eis o que importa. Quando vocês amam, a terra torna-se o paraíso terrestre, a vida um encanto; e quando vocês não amam, o universo e a vida tornam-se um inferno. – É verdade! – Claro que é verdade! E vocês consideram o amor como a mais bela, a mais generosa, a mais profunda, a mais poderosa das paixões. – Sim, concordo. – Porém, minha cara amiga, o amor, na verdade, é o mais mesquinho, o mais fraco, o mais ligeiro e o menos durável das fantasias que arrebatam o coração humano. – Meu Deus, como o senhor é tolo! – É possível! Tolo, mas correto. Raciocinemos. Conhece-se a força de uma locomotiva pelo número de vagões carregados que ela pode puxar, não é? Da mesma forma podemos medir a força de uma paixão pelos feitos que o homem realizou por ela. Para começar, a qualidade principal de uma paixão é a duração. Ora, o amor é essencialmente limitado. Quantos casos podemos citar em que ele durou uma vida inteira? O amor muda seu alvo várias vezes ao longo de uma existência e para definitivamente quando os cabelos embranquecem. Trata-se, antes, de um apetite do que de amor, um apetite que varia segundo as idades e que incide sobre várias pessoas. Ora, minha cara amiga, seria fácil provar que o jogo arruinou mais homens que o amor, e que o álcool matou mais gente. Então, as cartas e a embriaguês são duas paixões superiores. De fato, não podemos fazer nada de mais forte, para provar uma obsessão, que dar seu dinheiro e sua vida: as duas coisas mais preciosas que temos. Ora, se a estatística prova que o homem arruína-se de forma mais natural e com mais facilidade pelo bacará que por uma bela mulher, que ele resiste menos às cartas que aos belos olhos, que ele é atraído mais irresistivelmente pelos carteados que pelas alcovas, que ele deixa com mais paixão seus últimos centavos sobre uma mesa verde do que sobre as mãos delicadas de uma mulher, a dúvida não nos é mais possível. Aqueles que se arruínam por mulheres são raros hoje em dia, enquanto aqueles que se arruínam pelo jogo são numerosos. Quanto aos que se matam pelo amor ou por amor, não vemos mais. Aqueles que se matam pelo álcool são inúmeros. A senhora se surpreende, não é, minha cara amiga, que dois braços abertos não tenham tanto atrativo quanto um copinho de cachaça? Mas reconhecerá também que dois braços fechados são um instrumento de morte tão rápido e tão certo, quando a gente se entrega completamente, como um líquido amarelo ou verde bebido em excesso? Ora, a partir do momento que se morre mais de garrafa que do beijo, o que concluir? – O senhor é um grande estúpido! Não se pode nem mesmo responder a tais bobagens! – Vou mais longe. Afirmo que estas três paixões: o álcool, o jogo e o amor, consideradas temíveis porque são perigosas e provocam catástrofes, são bem menos vivas na realidade, bem menos potentes e bem menos intensas que a pesca, a caça e o bilhar! – Cale-se. O senhor irrita-me. – Oh! Eu compreendo-a. O coração da mulher exalta-se pelas paixões poéticas, aceita as paixões dramáticas e indigna-se com paixões inofensivas e burguesas, as mais tenazes, as mais vivas, as mais absorventes de todas. – Minha cara amiga, este homem calmo, com um chapéu de palha e sentado à beira de um rio, no qual ele mergulha uma bóia na ponta de uma linha, é o mais ardente dos apaixonados. Nada cessará seu invencível amor, nada! Quando Paris ardia em chamas, incendiada pela Comuna, quando o canhão fazia tremer as paredes, quando as balas voavam pelas ruas como moscas, quando os corpos baleados serviam de asfalto às ruas, quando dos córregos corria sangue em vez de água, contaram-se quarenta e sete homens, quarenta e sete sábios ou quarenta e sete loucos, sentados tranquilamente ao longo das margens do Sena, desde a Ponte du Jour até as Tulerias desabadas sob as chamas. Que lhes importava Paris em fogo, a Comuna vencida, a Pátria sangrenta, a guerra civil após a invasão prussiana, a estes homens que só tinham atenção para seus “flutuadores de cortiça?” A morte os ameaçava de todos os lados. As balas disparavam sobre suas cabeças, e seus corações batiam de esperança quando um peixe mordia a isca. Eu poderia citar cem exemplos tão evidentes como esses. A caça! Qual é o homem que faria por uma mulher ou mulheres, durante toda sua vida, o que um caçador faz por sua caça? Pense nas viagens em charrete, nas noites frias, para ir matar alguns coelhos, outras noites passadas nos pântanos, sob uma cabana de palha, nas chuvas que caem durante estações inteiras, nas prodigiosas fatigas, nas más refeições das fazendas, nas caminhadas intermináveis. Existe algum apaixonado que suportaria isso por sua amante? Existe um jogador que afrontaria cansaços e privações para um encontro num banco no fundo de um bosque? Existe um bêbado que faria vinte léguas sob a geada para beber um copo de fino champanhe, como faz um caçador para atingir uma galinhola? – Então? Então? Então? – Quanto ao bilhar? Oh, o bilhar? O homem apaixonado pelo bilhar só vê a vida, a política, a arte, a guerra, o amor sob a forma de três bolas de marfim, correndo uma atrás da outra, num campo de feltro verde. Ele divide a humanidade, não em homens e mulheres, em militares e civis, em aristocratas e democratas, mas em seres que jogam ou que não jogam bilhar. Vignaux é o seu papa, seu papa majestoso, misterioso, todo-poderoso, sobre-humano! Quando bebe, quando come, quando anda, quando se repousa, quando tosse, quando se assoa, quando ri, quando chora, quando cospe, quando se veste ou tira a roupa, ele só pensa no bilhar, e vê sem cessar, em tudo, as duas bolas brancas e a bola vermelha vagabundeando sob o empurrão de um taco pontudo, jogando uma eterna partida que só acabará no julgamento final! Esse homem acorda e vai ao boteco, passa o dia inteiro ao redor do móvel quadrado que contém e limita todos os seus desejos e todas as suas esperanças, só para na hora obscura em que o garçom lhe manda embora, apagando o último bico de gás. Oh! Eis uma paixão minha cara amiga! – Meu caro, o senhor vai forçar-me a lhe expulsar! – Não, não precisará chegar a este ponto. Vou embora. Mas...escute-me. A senhora crê na Providência, certo? – É claro! – Bem, vou rogar à Providência que lhe envie o que pede, o amor! O amor de um homem. Mas de sua parte, minha cara amiga, rogue a Deus, seu Deus, de conceder-me uma graça, uma graça infinita. – Qual? – Não advinha? Explico-lhe. Eu me entedio tanto quanto a senhora, e mesmo mais, muito mais! Bem, suplique ao céu de colocar no meu coração, no meu pobre coração vazio e sem esperança, o amor... o amor pela pesca ou pelo bilhar! É a única graça que peço a Deus. Tradução: Ana Luiza Reis Bedê

sábado, 1 de março de 2014

Maupassant: um "meteoro" nas letras francesas

Guy de Maupassant nasceu dia 5 de agosto de 1850 na Normandia (não se sabe se em Fécamp ou em Miromesnil). Primeiro filho de Gustave e Laure. A mãe do futuro escritor era leitora perspicaz, culta, refinada e ciosa da recente partícula “de” que antecede o sobrenome – caução de nobreza reservada a poucos. Laure de Maupassant teve papel decisivo na opção de carreira do filho mais velho. Muito antes de tornar-se contista de renome na França, o jovem Guy escreveu poemas, a peça “Os anos cor - de rosa – Casa turca” -1875 (traduzido em português por Clémence M. C. Jouët-Pastré), entre muitos outros textos que eram submetidos ao crivo do amigo de sua mãe e de seu tio Alfred Le Poittevin (que não chegou a conhecer), nada menos que Gustave Flaubert. A propósito, durante muito tempo, houve quem sustentasse que Maupassant era filho do autor de “Madame Bovary”. O jovem discípulo de Flaubert trabalhou como funcionário público até aproximadamente os trinta anos, dedicando o tempo livre à literatura. A data chave de sua vida foi 1º de fevereiro de 1880, Maupassant recebe carta de Flaubert a respeito de “Boule de Suif” (“Bola de Sebo”) na qual afirmava: “Mais il me tarde de vous dire que je considère Boule de Suif comme un chef-d´oeuvre. Oui! Jeune homme! Ni plus ni moins, cela est d ´un maître” (“Estou ansioso para dizer que considero Bola de Sebo como uma obra-prima. Sim, rapaz! Nem mais, nem menos, foi escrito por um mestre!) Nessa missiva, Flaubert tece comentários precisos justificando sua opinião. Com “Boule de Suif”, publicada na coletânea “Soirées de Médan”, Maupassant tornou-se célebre da noite para o dia- não por acaso afirmou: “Je suis entré dans la vie littéraire comme un météore, j´en sortirai comme un coup de tonnerre” (“entrei para a vida literária como um meteoro e sairei como um trovão”). O brilhante contista morreu em 1893. Seu sucesso não parou de crescer até meados do século XX. Trata-se, ainda hoje, de um dos escritores franceses mais lidos fora da França. No próximo post, publicarei o conto “As grandes paixões” que traduzi – acredito que seja a primeira tradução para o português. Aguardem...