quinta-feira, 1 de julho de 2010

La Débâcle de Émile Zola


A guerra franco-prussiana de 1870 inspirou romances de diferentes categorias. Georges Darien retratou-a de forma sarcástica em Bas les coeurs! Jules Vallès, levado por seu engajamento, nos revela sua própria experiência em L´insurgé. Maupassant em L´Angelus, romance inacabado, trata do episódio. A obra, porém, de maior fôlego sobre o tema foi sem dúvida o antepenúltimo livro do "Rougon-Macquart", La Débâcle.
Zola documentou-se antes de escrever sobre a derrota do exército francês. Roger Ripoll confirma que o iniciador do naturalismo consultou diversas testemunhas do conflito. No século XIX, a história não representava mais simplesmente um pano de fundo para os romances, mas se tornava protagonista. Zola preconizava que a criação romanesca e a progressão dramática estariam a serviço da história. Em seu Les romanciers Naturalistes, afirma que o romancista afeta "[...] disparaître completement derrière l´action qu´il raconte. Il est le metteur en scène caché du drame. ( "[...] desaparecer completamente atrás da ação narrada. Ele [o romancista] é o diretor de cena escondido atrás do drama.").
Sabemos como em La Débâcle, Zola aproveitou para desenvolver as ideias darwinianas, adotando, igualmente, a famosa teoria do determinismo humano. Fiel à sua teoria naturalista, o líder do grupo de Médan esboça quadros terríveis do cotidiano da vida dos soldados, ricos em minúcias, a fim de demonstrar que tudo se passou da forma descrita. Assim como Daudet e Maupassant, Zola tratou igualmente da questão do patriotismo. Em La Débâcle, um camponês vendia carne podre aos soldados inimigos: "[...] quand on pense qu´il y a des gens qui racontent, comme ça, que je ne suis pas patriote!...Hein? qu´ils en faasent autant, qu´ils leur foutent donc de la carne, et qu´ils empochent leurs sous...Pas patriote!...mais, nom de Dieu! J´en aurai plus tué avec mes vaches malades que bien des soldats avec leurs chassepots".
Do ponto de vista das personagens, os soldados alemães não passariam de "sacrés mangeurs de choucroute", muito semelhantes fisicamente, altos, loiros, de olhos azuis e agindo como autômatos, além de capazes das maiores crueldades.
Se o alvo privilegiado constitui o exército alemão, Zola não poupa o alto escalão do exército francês, cujos comandantes não tinham sequer o mapa da França, já que não acreditavam em uma invasão inimiga, apostando que as lutas se desenrolariam, sobretudo, em solo alemão. Embora mostrasse seus horrores, Zola acreditava que a guerra era inevitável e perfeitamente coerente sob a ótica do evolucionismo.

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