quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Voltaire e a islamofilia


(Entre na Bolsa de Londres, esse local mais respeitável que muitas cortes; você verá deputados de todas as nações reunidos para a utilidade dos homens. Lá, o judeu, o maometano e o cristão tratam-se como se fossem da mesma religião, só chamam infiéis aqueles que vão à falência...” (Cartas inglesas, 1734)

Na verdade, a relação de Voltaire com a islã é complexa, muitas vezes ele atacava o maometismo, mas queria atingir indiretamente o cristianismo- preferencialmente os católicos. São numerosos os textos de Voltaire tendo como  tema Maomé. Pretendo voltar ao assunto em outras ocasiões.
Os filósofos do século XVIII na França nutriam interesse imenso pelas religiões de outras partes do planeta. As viagens à Turquia, ao Japão, à China e à Índia contribuíram para que os europeus descobrissem que o cristianismo não era a única forma de adorar a Deus. Como nos explica René Pomeau (« Une Idée neuve au XVIIIe, la tolérance »), a crescente importância das narrativas sobre viagens  dos comerciantes  e dos marinheiros que percorreram  países longínquos, descobrindo os mais variados  tipos de crenças e ritos deram impulso ao caminho da tolerância. Graças aos escritos inspirados nessas aventuras, a filosofia das Luzes toma melhor consciência de outras religiões. Sobretudo a mais próxima dos europeus: o islã.
Para a criação de certa islamofilia, Voltaire desempenhou papel decisivo com os dois capítulos sobre Maomé e o mundo muçulmano em seu Ensaio sobre os Costumes. Segundo o filósofo, o islã não se impusera pelas armas, mas pelo entusiasmo e pela persuasão, além de ser indulgente e tolerante.






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